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Raylton Parga

FORMS
Curadoria: Carlos Lin
01/07 a 05/08/2023

Em busca de uma síntese para a forma

Neste momento pós-pandêmico, voltamos a respirar com alívio entre as pessoas. Já é possível participar, presencialmente, de eventos importantes para o circuito simbólico de celebração da vida. A arte faz parte disso. Podemos estar, novamente, diante de uma obra de arte em uma galeria. Isso é muito bom!

A forma é o aspecto físico e visual de tudo que ocupa espaço no tempo. É o resultado da configuração de um corpo, seja de uma pessoa, um objeto ou qualquer coisa e diz respeito à aparência do natural ou cultural. É um princípio com o qual o ser humano se relaciona com o mundo. Ela deriva da matemática e a geometria é seu campo de existência. Somos formas entre formas.

As formas na obra de Raylton Parga, nessa mostra, se organizam em alguns núcleos e se apresentam multifacetadas. O artista produz um mundo de formas a partir de linhas curvas e retas em planos interceptados e áreas delimitadas pela cor, geralmente preto sobre branco, mas também vermelho e azul. Temos formas simples e diretas, com quadriláteros ou círculos simplificados e distorcidos aplicados a figuras reconhecíveis e inusitadas de uma geometria particular. De vez em quando, existe um ponto, a partir do qual tudo se inicia. Trata-se de um recorte possível, construído a partir de uma objetividade colocada em obra, na produção contínua e organizada de objetos de arte. Coisas entre coisas.

A técnica, a abundância e o rigor determinam a produção do artista. Uma grande mancha de “FORMS” nomeia a exposição e apresenta uma sequência monumental de composições. Os jogos entre os planos, numa pesquisa imersiva com desenho, pintura, relevo, instalação e escultura constroem novas paisagens para o olhar. O mundo contemporâneo apresenta uma poética própria, instigante, autorizada por si, construída numa relação constante de transformação. Algumas disposições formais presentes nas obras indicam possíveis retratos ou máscaras de uma figuração abstrata e metamórfica. A forma ganha contornos particulares e específicos no uso de tinta sobre papel e na presença inusitada de plástico e papelão como suportes e como constitutivos da linguagem visual.

Na obra de Raylton Parga, as formas básicas se diversificam e ganham concepções próprias. O bidimensional dialoga com a tridimensionalidade. A definição precisa da figura concentra o contorno nele mesmo. A determinação das áreas segue um requinte na manipulação da tradição construtiva. O contraste radical entre claro e escuro, ou a escolha por uma paleta tendendo ao monocromático, estabelecem uma relação de forças entre o que se conhece do mundo e o que a obra entrega. As figuras dançam no espaço e o tempo as rearranja à sua maneira. Somos convidados a uma deriva pelas formas.

Texto por Carlos Lin

Brasília/DF, junho de 2023

OBRAS DO ARTISTA

Dias da semana SEG –DOM, 2021

fotografia
9 x 9 cm / cada

Família de personagens, da série Vermelhos, 2023

acrílica sobre papelão

Figuras, 2022-2023

cianotipia sobre papel
32 x 24 cm / cada

Série FORMS, 2023

nanquim sobre papel canson
29 x 21 cm / cada

sem título, da série Vegetal

caneta sobre 3 papéis vegetais sobrepostos

29 x 21 cm / cada